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Quando o assunto são as análises clínicas, a fase pré-analítica ganha especial importância. A biomédica Mônica Gouveia Prado Medeiros, conselheira do CRBM-3 em Minas Gerais, é especialista nesta etapa do processo de triagem de amostra. Em entrevista concedida para o site do CRBM-3 ela traz esclarecimentos e detalhes sobre os processos desta fase, e que todo profissional – mesmo aquela que não possui habilitação em Análises Clínicas – deve conhecer. Afinal, o compromisso da Biomedicina é com a saúde da população, o que passa diretamente pela qualidade dos serviços e a certeza de assertividade nos resultados finais que tem início exatamente nessa fase. Confira o ping-pong com a conselheira.

- Como podemos definir a fase pré-analítica?
A fase pré-analítica, também conhecida como triagem de amostra, é a etapa inicial que
antecede a análise clínica dos exames. Ela se inicia no consultório médico com a solicitação dos
exames e, posterior, no laboratório, na instrução sobre a coleta, no cadastro do paciente, na
preparação e coleta do material, no acondicionamento e no transporte até a área técnica.

- Qual a importância dessa fase específica dos exames laboratoriais?
Antes de falar da importância da fase pré-analítica, devemos ressaltar que o objetivo de um
laboratório de análises clinicas é ter um atendimento de excelência, liberação dos laudos com
segurança e qualidade, para auxiliar os médicos na definição do diagnóstico do paciente.
Encontramos na literatura que 70% dos erros ocorridos no laboratório estão na etapa pré-
analítica, e que podem gerar resultados incorretos ocasionando impactos significativos para a
segurança do paciente e na rotina do laboratório. Dessa forma, é necessário mitigar os riscos
ligados aos processos antes da análise e processamento dos exames, manter o corpo clínico
capacitado e legalmente habilitado para exercício profissional.

- É possível se especializar nesta etapa especificamente ou o profissional, geralmente, já sai
da faculdade dominando bem?
É possível o profissional se especializar nessa área, mas infelizmente ainda não temos
nenhuma disciplina que dar ênfase a fase pré-analítica e com o isso os profissionais vão
adquirindo conhecimentos na prática. Hoje já é um tema bastante discutido em congressos e
encontramos livros publicados, como por exemplo SBPC (Recomendações da Sociedade
Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML): Fatores pré-analíticos e
interferentes em ensaios laboratoriais, que auxiliam nesse direcionamento e aprendizado para
uma performance mais específica dentro do laboratório.

- Como a sra define o trabalho do biomédico na fase pré-analítica?
Defino como um desafio diário, de grande importância para a operação do laboratório. É
possível aplicar os conhecimentos teóricos e viver a prática com o contato direto com os
pacientes/clientes, médicos, equipe técnica, laboratórios apoiados e fornecedores. A gestão de
pessoas permite a capacitação permanente do time e a evolução do desempenho da área.

- Muitos exames são realizados como forma de amparar a realização de procedimentos
estéticos. Nesse caso, há alguma diferenciação ou especificidade no processo?
Não, todos seguem o mesmo protocolo.

- Como essa fase influencia as fases seguintes: analítica e pós?
A fase pré-analítica envolve todos os fatores que devem ser considerados antes da realização
do exame e que exercem influência direta na interpretação dos resultados. Qualquer falha
nesta etapa pode causar danos ao paciente.

- A partir das experiências profissionais vivenciadas pela sra, que orientações ou dicas dá os
profissionais e aos futuros biomédicos?
Bom, eu tive o privilégio de iniciar minha trajetória realizando exames. Iniciei minha carreira
pelo setor de Hematologia, bioquímica, hormônio e posterior fui para a área de gestão, onde
atuei também na fase pós -analítica. Com toda essa experiência e muita dedicação, fui
convidada para iniciar o setor pré-analítico e foi um grande desafio, onde tiver que dedicar,
aprender e buscar conhecimentos técnicos, relacionamento com cliente, gestão de conflitos e
gestão de pessoas. Hoje posso dizer que encontrei nesse desafio aquilo que faz bilhar os olhos.

Para os profissionais e aos futuros colegas biomédicos, gostaria de dizer a importância do setor
pré-analítico (triagem), sendo tão importante, ou o mais importante, das demais fases do
laboratório de análises clínicas. É essencial que busquem a atualização em conhecimento
técnicos e vivencia prática, sempre que possível, isso garante resultados satisfatórios visando a
segurança do paciente e o sucesso da organização onde atuam. (Imprensa CRBM-3)